O QUE É UMBANDA ?
Embora muitos afirmem ser a
Umbanda apenas uma seita derivada dos Cultos Afro-Brasileiros que deram origem
aos Candomblés, na verdade, a verdadeira Umbanda, muito pouco tem a ver com ele.
Nosso irmão, W.W. da Matta e Silva, por exemplo, fez extensa pesquisa visando
trazer a público a origem da palavra em seu livro Umbanda de Todos Nós. Esse não
é o propósito de nosso trabalho atual. Importante é frisarmos que UMBANDA foi o
nome dado ao culto criado pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas, cujo médium era o
Sr. Zélio de Moraes, em 16 de novembro de 1908, no bairro de Neves em Niterói.
Destaque para o fato de que um caboclo, por ser considerado EGUN (alma de um ser
que já viveu na terra ) não era entidade cultuada em nenhum candomblé.
Posteriormente a coisa ficou meio confusa e criaram até os chamados Candomblés
de Caboclos. Antes desta data, não há registro algum da palavra UMBANDA em
qualquer seita Afro, como também ficou claro nas pesquisas feitas pelo
retrocitado autor, na mesma obra e em outras. Se quisessem saber mesmo a origem da palavra, deveriam
ter perguntado ao Caboclo, ao invés de ficarem especulando por aí.O que é
importante sabermos ?
Importante é sabermos que :
a) Umbanda não é culto
Afro - é BRASILEIRO!.
b) A Umbanda sofreu várias modificações, tanto em seus
objetivos como em sua práticas e rituais quando se mesclou e absorveu dos cultos
Afro, do Catolicismo e até de filosofias orientais, certos parâmetros e
conceitos básicos, a ponto de hoje entrarmos em certos terreiros ditos como de
Umbanda e vermos lá os já conhecidos sacrifícios de animais e coisas
equivalentes.
c) Umbanda foi o nome com que o Caboclo das Sete Encruzilhadas
batizou o movimento espirítico criado por ele com regras básicas de trabalho,
cujo objetivo principal seria o da "manifestação de espíritos (EGUNS NO DIZER
DOS CULTOS AFRO) para a caridade".
Originariamente foram traçados planos para
que três tipos de entidades pudessem se manifestar através de seus "médiuns" nas
reuniões Umbandistas. Foram elas :
1) Crianças - Espíritos que teriam vivido
e desencarnado nesta condição (EGUNS portanto) e que através de brincadeiras
pudessem realizar trabalhos que trouxessem alegria, que despertassem o lado
criança de todo ser humano - o lado puro (lembra-se do "Deixai vir a mim as
crianças...?").
2) Caboclos - Espíritos que teriam vivido ou não na condição
de índios (portanto EGUNS) nos primórdios da civilização(?) imposta pelos
portugueses. Essa caracterização coincide com a segunda fase do crescimento do
ser humano encarnado, quando ele deixa a infância, atinge a adolescência e se
torna um adulto. Nessa fase, o vigor, o destemor e até mesmo uma certa
destemperança são comuns.
3) Pretos Velhos - Espíritos (EGUNS) que teriam
vivido ou não na condição de escravos negros, também nos primórdios da tal
"civilização" imposta. A caracterização revela a terceira fase da vida do ser
humano na terra - a idade madura, que neste caso revelaria também um dos
principais atributos
que o homem deveria estar lutando por alcançar : a
sabedoria.
A sabedoria daqueles que muito viveram e por isto, muito têm a
ensinar.
Observemos que no caso dos espíritos que se apresentam como
crianças, não há alusão à raça ou cor (na verdade em se tratando de espíritos
esta distinção realmente não existe), mas no caso de caboclos (índios) e pretos
velhos (negros), as caracterizações envolvem distin-ção de raça. Por que isso
?
Na verdade, a Umbanda verdadeira nasceu entre os humildes, e os planos de
seus organizadores, visava a homenagear essas duas raças ou grupos étnicos que
foram e são até hoje tão discriminadas sofrendo tantas perseguições. Uma forma
também de mostrar ao "civilizados brancos" que, fossem índios, pretos, amarelos,
verdes ou de qualquer outro tipo, todos, indiscriminadamente, eram e são seres
da criação, e portanto, após o desencarne, as classes sociais, as cores de pele
e o possível poderio econômico deixam de existir, e as lições que o espírito tem
de aprender estão muito mais relacionadas ao amor, ao desprendimento e à
sabedoria.
O que um bom vidente poderá enxergar (se lhe for permitido), é que
não raramente, sentado ali no toco, com ares de um humilde velhinho, não está
apenas um ex-escravo, mas certamente um grande sábio (preto, branco, marrom
etc.) exercitando uma característica que somente os iluminados alcançaram em sua
plenitude : a humildade.
Mas aí você pensa: "Por que então toda essa
palhaçada ?"
Preste atenção !
Quando o Comando Superior (nome que daremos
temporariamente ao Conselho Espiritual que estabeleceu as normas da Umbanda)
decidiu por essas caracterizações, visava :
a) Representar as três fases por
que passa o ser encarnado durante sua estada na matéria.
b) Demonstrar que
crianças não fazem distinção de cor, raça ou qualquer outra, superestimando umas
e subestimando outras. São espíritos desprovidos de discriminações, por serem os
mais puros, (ingênuos) ou mesmo porque esqueceram-se deste preconceito daninho
por ocasião da reencarnação (Graças a Deus).
c) Mostrar àqueles (dentre os
quais eu mesmo) que hoje se "vestem" com uma matéria de cor clara, que mesmo
perseguidos, expulsos de sua terras e escravizados, índios e negros também são
seres da criação e como tal devem ser respeitados porque todos, mesmo os menos
civilizados (no entender dos brancos), têm muito para aprender e ensinar.
d)
Mostrar que por ser a UMBANDA um movimento espiritual brasileiro, envolveu em
suas caracterizações grupos étnicos que passaram por grandes sofrimentos aqui
nessas terras.
e) Mostrar que o homem evolui verdadeiramente quando vivencia
em todo o seu potencial, cada uma das três etapas de sua vida e chega à idade
madura dono de seus pensamentos e atos, conseguindo alcançar a verdadeira
sabedoria, o que envolve muito aprendizado e
prática do autocontrole, pois na medida em que vai aprendendo o
significado de sua existência, consegue olhar o mundo como expectador. E
aí..!
f) Permitir a manifestação de entidades familiares e/ou até mesmo
grandes personalidades (no caso de serem suficientemente humildes para se
apresentarem na "roupagem fluídica" de um Caboclo ou Preto Velho) quando
encarnados, sem que isso traga para os médiuns e possíveis assistentes alguma
perturbação emotiva.
Na verdade, essas formas de se apresentarem algumas
entidades na Linha de Umbanda, visam muito mais a proteger os encarnados das
perturbações emotivas que seriam provocadas nas situações em que por exemplo o
médium ou assistente descobre que uma entidade que está se apresentando em um
determinado Terreiro é um parente próximo seu, ou mesmo a vaidade que brota na
maioria dos médiuns quando a entidade incorporante se apresenta como alguém que
teve na terra uma posição de destaque ou fama (um grande pintor ou músico, reis
ou princesas, por exemplo).
Por parte da entidade que se manifesta, a
obrigatoriedade da caracterização faz com que o espírito seja forçado a não
revelar uma situação que viveu como encarnado, tenha ela sido boa ou ruim. Não
importa o que ou quem foi. O que importa é a
mensagem que traz, o trabalho que vem realizar em benefício de outrem e de sua
própria evolução.
Em minhas peregrinações pelos mais diversos
terreiros de Umbanda e até "Umbandomblé", tive a oportunidade de presenciar
curas "milagrosas" efetuadas por caboclos, pretos velhos e exús (há inclusive
alguns bons livros que descrevem vários tipos de trabalhos realizados nesse
sentido) sem que nenhum deles tivesse se identificado como Dr. "esse" ou
"aquele". Seguindo a linha da HUMILDADE exigida pela Umbanda, todos se apresentaram de acordo com as características
que adotaram desde o início de seus trabalhos. Até porque, se esses
espíritos se apresentassem como Dr. ‘esse" ou "aquele", estariam se referindo a
condições que tinham quando encarnados (na melhor das hipóteses), o que
fatalmente demonstraria o quanto ainda estão apegados ao mundo material e às
distinções sociais que ele impõe.
Raciocine comigo : De que valem os títulos
obtidos na terra após o desenlace ? Aliás, quais serão os reais valores de
certos títulos auferidos a tantas e tantas pessoas que já passaram e que ainda
estão por aqui ? Será que um Doutor será mais bem visto aos olhos de Deus do que
aquele que não conseguiu sequer aprender a ler ? Haveria justiça Divina caso
isso fosse verdade ? Ou será que essa distinção só é válida aqui no Plano Terra
onde os valores estão proporcionalmente ligados à situação financeira e/ou
social de cada um ?
Raciocinou ?
Vamos reforçar seu raciocínio !
Se
títulos e posição social fossem valores espirituais levados em conta pelo
Criador, o próprio Jesus, considerado até mesmo Deus por muitos, deveria ter
nascido em berço de ouro ou ter almejado durante sua breve estada na matéria,
pelo menos algum cargo político de realce, não acha? E foi isso que se deu? Foi
isso o que ele pregou?
Neste ponto eu torno a lembrar que, se você ainda está
arraigado a conceitos e preconceitos, medos etc, não é bom que leia este BLOG,
pois vamos abordar assuntos realmente polêmicos à luz da lógica e não de ERÓS ou
DOGMAS. Nossa idéia é realmente tentar explicar esses "segredos" velados à luz
pela ignorância e medo.
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